terça-feira, 30 de junho de 2009

como me acalmar
se nasci com a
maldição de amar?
Fiz-me fraco
para poder
ver-te
para poder
olhar seus olhos
sem me assustar:
Faróis que se fortaleciam em mim
Pérolas castanhas que sumiram
de minhas mãos

PÁ: LAVRE!

Texto publicado em 2003 no fanzine PnoB. Mas é engraçado (?) no Brasil as tragédias repetem-se. São outras as regiões mas o descaso político é o mesmo. Achei melhor postá-lo agora.


Por que escrever, ou melhor, para que escrever e, para que serve escrever? Qual a serventia das PALAVRAS? Vivemos na era da comunicação. E como já dizia o palhaço Chacrinha: " Alô, alô Terezinha, quem não se comunica se trumbica".

Nessa nova Era vem-me à cabeça o mundo como sendo o pregão da bolsa de valores, sendo que os corretores somos nós: falando mais alto, batendo o martelo, articulando palavras e, assim, fazemos e fechamos os nossos negócios e nem sempre o vencedor o é de direito. E neste comércio esquecemos que a palavra é antes de tudo uma arte. E muito antes, AÇÃO: não pode haver palavra sem ação: "e no princípio era o verbo" ou seja, a vontade do criador em criar. Sendo assim, a palavra faz parte das BELAS ARTES, ao menos, fazia.

Quero chamar a atenção para um segmento desta arte: a RETÓRICA. Com o poder da retórica, ou seja, com a palavra bem articulada, bem definida, bem usada, consigo o que quero em muito menos tempo e não importa se meu produto é o melhor ou não: como articulei melhor o meu discurso: vendi. E como diz o poeta: "não importando se quem pagou quis ouvir".

E, é aí onde mora o problema. Não é só o poeta, no afã de mostrar seu trabalho, que não se importa se quem pagou quis ouvir. Existe o outro lado, pessoas sem ética alguma empurrando por nossas goelas abaixo situações inimagináveis dignas de histórias de ficção mal-escritas. E o mais inaceitável é que esse tipo de gente tem o poder de decidir sobre vidas humanas. Usam e abusam das palavras para enganar, extorquir, roubar senão valores materiais, as próprias vidas de gente humilde. Falo dos políticos, empresários e de pessoas que com um pouco de boa vontade, poderiam amenizar boa parte de alguns problemas de nossa população.

Vejo novamente meu povo morrendo por descaso dessas pessoas que apenas usam da retórica para "verborregar" suas vaidades e aumentar seus lucros fáceis. Novamente injustiças pairam pelo ar com a desculpa de TRAGÉDIA: O que aconteceu em Minas - e o duro é saber que isto acontece em TODAS as regiões do país - com suas águas, em seu sentido inverso - água quer dizer limpeza e não tristeza e muito, muito necessária - mata de novo o novo (vários felipes).

Será que as águas matariam se as pessoas com retórica tirassem as suas palavras do papel e ao invés de jogá-las ao vento e ao próprio ego, agissem? Como já disse, para mim palavra quer dizer ação, e, sinceramente, estou farta de fazedores de palavras vazias e brochas. E vendo o que se transformou o meu País de urubus causa-me asco. Minha grande náusea. Mas há esperança...

Espero que a serventia das palavras e da escrita seja a de dar voz a esse meu povo que, mesmo com tamanho sofrimento, consegue, apesar de seus políticos e empresários, fazer da vida a poesia maior: acreditar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Abro os olhos ___________ devagar
Algo errado!
Minhas mãos desconfortáveis;
trago-as a espreita de meus olhos:
meladas
vermelhas
SUSTO!!!!!
-AAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!
-O que fiz? degolei a esperança!!!!!!!!
Os poetas são um
as pessoas são unas
os acontecimentos milhões
os desejos, enfim...
As doses enormes
os vícios distribuídos
as escolhas unas:
os furtos
os sustos

as escolhas vazias
os infinitos do sonho
as escorregadas
as partidas
as palavras sem nexo
o poeta sem sexo
as pessoas convexas:
a liturgia
as orgias
as escolhas
as bolhas

as descomunhões:
as palavras sem eixo
o vazio
o regato
o legado
o recado.

a falta de imaginação:
há falta
há falta
há...
a letra
a escuta
o aconchego
as mãos
os estanhos
os estranhos
os tamanhos

há...
ah! ah! ah!
enfim:
o surto!

os sustos
os pés
o caminhar - adivinhar
a escuta

o biruta: direção
a biruta: surto
conquistas
enfadonhas memórias
bizarras relações:
a pauta
a flauta
a música!
o som.

As imagens
os ritos de passagem
a miragem
a virgem:
vertigem
a ideia?
Paideia!
Estou com saudade de mim
escrachada
risada
livre

estou com saudade de mim
apaixonada
abandonada
voraz !

estou com saudade de mim
assim como nada
um copo vazio
uma voz sem endereço
os passos trocados
sem rumos

estou com saudade de mim
estou assim
chinfrim!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pelo que menos. Pelo que mais.
A liberdade talvez seja realmente a liquidez de um banco.
Ou ela será aquilo que determino?
E o que determino não está na liquidez de meu ser nem de ninguém
Todo discurso inútil.
Todo discurso inevitável:
fútil!
Além de rima é uma coisa para se pensar.
Azar o meu: Escuto
e passo!
Toda nostalgia que sinto
Esta dor que cibalena não cura
que cerveja também não
que toda brincadeira não engana
e que todo tiro não mata
Esta nostalgia que não quer novalgina
que não quer cerveja e despreza música
que se desespera na espera e que sabe que a espera não adianta:
a novalgina, o lexotan e a cibalena também não
Adiantada me dói a ausência tua
Suada e sem mais o porque enxugo a face
beijo o que penso ser a tua testa e durmo.
Vazio total...
perfeitamente explícito!
perfeitamente perfeito.
Totalmente oco.
Total vazio.
Total vazio.
e, em meu peito
apenas o sutiã.
Solidão pra quê?
se todos somos a mesma coisa...
Serafins?
afins de nada mais
nada menos: ser tatuagens?
Bobagens...é tudo pele!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Matei o Minotauro!

Para um tanto de acordes e acordeons acordo cedo e danço uma valsa tocada sem ritmo mas que tem um sentido. Porque você foi embora sem nenhuma razão? Conheci seus sons. E no ritmo que danço alguma coisa ficou para trás...e zás-trás quebrou!
Acordo. Espreguiço-me. Encolho-me e salto! Ando ao banheiro. Lavo meu rosto e olho o espelho que persiste em me olhar fixamente. Recolhendo, talvez aquela história que eu queria contracenar, que está encolhida dentro de minh'alma: lida e deglutida. Abro os olhos, passo a mão pelos cabelos numa tentativa de tirar todo pensamento que me vem de ti. Não quero me lembrar, não quero pensar, não quero mais você. Porque penso? porque me ardo? Conselhos de amigos é esquecer. Conselhos! Ah! conselhos...para que servem mesmo?
E a valsa tocada em meus ouvidos.
Escuto como se o piano desafinado afinasse dentro de mim o que sou e o que perdi.
Poderia colocar, se existisse, uma fita isolante em meus neurônios para isolar você de mim.
Ah, meu Deus! porque não existe?
É, o ser humano é tão incompleto. E eu o sou!
Coloco pasta na escova. E o espelho a me fitar. Conheço estes olhos. Olham e não explicam. Começo a escovar os dentes do lado esquerdo: para cima, para baixo. Reto. E estes gestos me cansam. Para variar vou pro lado direito: em cima, em baixo, para cima, para baixo, pra frente, atrás. A espuma me fere. Lembro-me ser fera.
Cuspo. Mas sua boca permanece, e seu seio em minha língua. Porca miséria!!!
Tiro o meu pijama. Ergo a blusa e ela sai-me sem nenhum sentir: braços estendidos e a mão direita puxa-a para fora de meu corpo: e porque você também não? Gestos. Tudo gesto. Gestual. Rituais. Germinais. Porque você?
Levanto os olhos e me olho nua no espelho. Encaro. Escarro. Já não há sinais da vitalidade de anos atrás. Já não há. Esqueço por momentos que já fui um bebê. Adorada por todos: - engraçadinha: gut, gut da mamãe!!
Como? se acabei de ser jogada fora?
Você de novo?
Ando pela casa: cômodos que viraram labirinto de tão sem graça que estou. Sem perceber preparo o café da manhã para duas pessoas: puro hábito.
Abro o jornal e sem esperar estou lendo em voz alta. Só a cópia da Monalisa me ouve e me responde ferozmente com um sorriso e um olhar.
E a vida segue. Dias e noites passam. Envelheço. Corro e não acho você?
E onde está a mim? Coloco-me à minha disposição. Confusão. Em uma coisa que nem sei mais o que é: Perdi? Ganhei? Corro ao banheiro: náusea.
Conheço este sentimento: náusea. Vontade de colocar a alma no vaso. Dar descarga. Vomitar. Embolar o que existe e o que há por vir. E o que virá?
Ligo o chuveiro. Desfaço a cama. Calmamente entro debaixo d'água. A água cai quase imperceptível em minhas costas. É claro que não é você que me deixou assim. Porém digo que sim. Preciso de um motivo e o motivo para mim é você. Coisas do inconsciente ciente.
E a cada gota em minhas costas uma pergunta e para cada pergunta nenhuma resposta. Todas no ralo a fugirem de mim. E neste estado esqueço-me de tudo que não interessa. E nesta conversa assumo o prumo de mim. Eternamente em mim. Especialmente em mim. E, enfim, percebo: em sua ausência: nasci! Reaprendi. No labirinto escuro, conheci. Esquecer para quê? Aprendi. Claro: Matei o Minotauro!

ao gourmet

Anos sem ver
saudade enrustida
em esquecimento
Fazer o quê?
tantas são as pessoas...

BALCÃO DE BAR

Em um balcão de bar vários tipos de conversas preenchem o vazio do copo, ou seria alma?
Talvez a igualdade tão almejada se dê, justamente, nestes lugares. É aí que se discute sobre tudo desde as células-tronco até as tão famosas dores-de-cotovelo. Todos os homens comuns ali de transformam em filósofos, humoristas ou políticos: já presenciei Reformas Políticas e Literárias em seus vários balcões, principalmente o de "copo sujo" (depois do terceiro ou quarto copo todos somos Maurrat ou Lorde Byron!) e, é esta a magia do balcão que mais vale a pena. Mas é preciso ter ouvidos e senso de humor aguçados para saber ouvir e também, "cair fora" antes que algumas desavenças aconteçam (sempre há o "baixo astral")
Mas o bar é, antes de tudo, um templo, e para alguns, um lar onde se pode praticar o sacerdócio da amizade. Deus salve todos os garçons e garçonetes de todos eles: Verdadeiros psicólogos!
Tim-tim!!!
Sinto a sua presença
como uma espécie de som

Entrando em meus ouvidos

Música talvez...
Sua presença entra em mim

Esconde-se e escorre por meus olhos

E escapam em forma de luz:
e meus olhos brilham:

Sua presença é sol e é lua

Para Floripa

Nasci no dia 31 de agosto de 1962 em Nova Esperança estado do Paraná. Inocentemente nasci. Sem saber do perigo que rondava nossas cabeças. Simplesmente nasci. Cresci ouvindo inflamados discursos anti-comunistas,anti-revolução cultural, anti-revolução sexual, anti-vida, anti-estético...
Alheia a tudo cresci. Normal: Roubava frutas do vizinho. Andava com a bicicleta sem freios. Fui feliz na mais inocente significação da palavra feliz. Trago em mim sinais deste tempo: lindas cicatrizes distribuídas elegantemente pelo meu corpo.Com idade escolar matricularam-me em um colégio de freiras. Surgia em mim a primeira onde de "reforma universal": queria ser missionária de Deus levando as palavras do "senhor" a todos os povos que viviam perfeitamente harmoniosos sem elas. Sou grata ao meu irmão. Com ele li: "Deus não quer ovelhas, quer pastores que o ajudem a completar sua criação" claro, Nietzsche! Se é para salvar alguém tiremos este alguém do conformismo e ignorância.Estava aí meu primeiro choque com a palavra.
Logo após este incidente, tomei contato com outros dois "bruxos" Carlos Drummond e Machado de Assis. Um dizia-me: "ao vencedor as batatas"; o outro um anjo lhe falou: "Vai, Carlos, ser "gauche" na vida..." Não foi ele? fui eu!
Com 17 anos fui ser "gauche" na cidade grande. São Paulo emocionava-me em cada beco em cada esquina. "Alguma coisa acontece em meu coração...", é uma tonelada de emoções. A grande cidade é uma feiticeira que nos rouba o coração e nossas passadas. É impossível ficar-lhe indiferente.
Voltei. Retornei ao interior depois de uma crise nostálgica: "Maninha me mande um gosto de laranja da terra..." Rosinha de Valença. Como nostalgia passa rápido senti grande frustração ao acordar e ver-me no interior. Como resolver este novo incidente? Prestei vestibular. Foram passando pela minha cabeça nomes até então desconhecidos: Le Golf, Marx, Comte, estruturalismo, positivismo...Um monte de "ismos" e "istas" invadiram meu ser. A cobrança ideológica. Como? se há milhões de formas, milhões de coisas para serem descobertas? A perseguição ideológica. Conclusão: crise! Cazuza: " ideologia quero uma para viver" Todas com cheiro e sabor de ranço.
Por que não o novo? as descobertas, as formas, a juventude? Pé na estrada. E cá estou eu em outra cidade grande. Tão grande que cabe em minha imaginação. Tão imensa que cabe em minha cama com meu amor.
E as palavras? onde estão as palavras? enxugam-se depois de mais um banho de mar...
"Não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar..." Cecília Meirelles

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eu que pensei ser uma paixão fulminante...
Era começo de enfarte!
Fumar a palavra.
Comer a palavra.
Namorar as palavras
fazer sexo com elas.
Observar a falta delas.
Olhar e reconhecer cada
centímetro da palavra.
Brincar. Brindar!!
Tentar te conquistar
com as palavras
e esquecê-las enfim.

Quem sou eu

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil
A cada dia se reforça o discurso e a necessidade da Reciclagem de Materiais, eu respeito. Mas o que mais me atrai é poder dar forma e vida a objetos que estariam fadados às cinzas e a destruição: Reutilizar, Refazer. Respeito ao ambiente, às gerações futuras e aos próprios objetos. Somos uma totalidade. Não há como separar, o conhecimento popular, a arte a cultura, a história. O que nos une é a busca.