domingo, 13 de dezembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

domingo, 22 de novembro de 2009

SIL


                        EN

                                           CIO...


                       SILÊNCIO!!!!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LEMBRETE:
                       O céu é azul.
                        O mar é azul.
                         O teu olhar...

SINCERIDADE:
                          O céu está cinza.
                           O mar brabo
                            O teu olhar...

FOLCLORE:
                          O céu está estrelado.
                            O mar ao meu lado.
                             O teu olhar...

HISTÓRIA:
                          O céu está pintado
                           O mar por testemunha.
                             O teu olhar...

REALIDADE:
                           O céu está cheio de satélites.
                             O mar poluído.
                              O teu olhar....LENTES.
                                         Lentamente....seu!!
                          

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De todos os enganos do mundo o maior é o conviver. As pessoas passam por nós e o tempo por todos. Falo assim por simples opinião. E quem pode prever o futuro, ou melhor, o que irá acontecer conosco mesmo neste exato momento? Quem sabe? Os acontecimentos parecem meninos sem ilusão destes que perambulam pelas ruas. Mesmo sem pedirem permissão simplesmente acontecem e pronto, às vezes mudando radicalmente a vida outras vezes travam marcas difíceis de cicatrizarem. Mas enfim...


Tudo era tranqüilo na vida de nosso personagem. Tinha vários amigos, namorada, trabalho, estas coisas que todo mundo tem. Um cara do tipo que toda sogra quer como genro. Sempre foi da turma do “deixa disto” puxando um pouco para o herói. Para ser sincero mais certinho do que ele só o cara que usa gomex. É claro, a vida sempre pede um agito uma inspiração, uma alegria para continuar sendo vida. Parece que este personagem não tinha lá tantos desejos nem muitos sonhos: era! O que mais um ser vivente pode querer? Oras, ser!

Mas tudo era simples demais e por demais morno. O leitor me entende: sabe aquela pimenta que há na vida de todo mundo? Neste caso não havia nada. Apenas vivia e era tudo o que queria. Pois aí é que mora o erro: até quem está no fundo do poço, lá no fundo mesmo, deseja mudar. Bom, é o que eu acho. Não se pode mexer tanto na vida de um personagem.

Vou inventar um nome para ele senão irá ficar um tanto repetitivo. Como o meu diálogo contigo está começando e não temos muita intimidade eu mesmo nomearei este personagem como Dario. Gostou? Não? Mas é mais prático, aliás, é um nome de um guerreiro não é? Minha memória está péssima.

Ah! Outro dado importante: ele é do interior, ele é de uma cidade do interior do estado. De qual estado? Qualquer um. A cidade onde mora também participa e muito da personalidade de Dario. Lugar pacato onde não acontece muita coisa de extraordinário à primeira vista: uma morte aqui, um casamento ali de vez em quando uma inauguraçãozinha acolá, aliás, prefeito de interior adora inaugurar, diz que é o progresso: dá votos. Mas dentro das casas acontecem as mesmas coisas que acontecem em cidade grande: briga de irmãos, rusgas entre amigos, famílias rodrigueanas, etc. (e dentro deste etc. há muita coisa!). Embora os pais de Dario sejam anos casados ele é filho único pelo motivo que não vem ao caso.

Mas o que pode mudar a vida de um moço pacato? Oras uma paixão avassaladora por uma mulher totalmente o contrário dele. E foi isto que aconteceu: retornou à cidade uma moça que há anos tinha ido embora dali. Quando foi já não tinha uma reputação lá das melhores, aliás foi um escândalo a sua partida, ela foi embora com um circo que passara pela cidade. Dizem que seu pai morreu de desgosto, mas na verdade ele já estava velho e doente do coração – as pessoas são sempre dramáticas. Foi por causa do domador de leões que Elvira se deixou domar. E agora após anos retornou: seu domador concedeu-lhe sua liberdade não sabendo o que fazer com ela voltou à casa materna.

Dario trabalha na rádio da cidade. Aos domingos transmite um programa ao ar livre sempre na praça principal onde os jovens fazem o “footing” – para quem não sabe o que é pergunte para o pai ou para o avô. Foi em um desses domingos que os dois se encontraram novamente. Primeiro um olhar. Dario sentiu neste momento uma coisa que não conhecia: um arrepio adentrou sua espinha – “xô! Coisa ruim? Mangalô, pé de pato três vezes” disse baixinho batendo com as falanges dos dedos indicador e anelar na madeira. Depois pensou: “não é tão ruim assim para benção, apenas desconhecido”. O que lhe tinha dado? Elvira é mais velha que Dario, quando ela foi embora da cidade ele era apenas um menino, mas lembra-se da menina-moça desajeitada e magra que abandonou tudo por uma paixão. Agora é uma mulher. A única coisa que lhe parece igual são os olhos, de um verde que mata alguma tem. Não parece ter sido maltratada pela vida, bem torneada, com ares de mulher, mulher vivida. Uma bela mulher realmente, atraente dentro de seu vestido decotado diferente das mulheres da cidade sem ser vulgar.

No intervalo de seu programa procura o bar de seu amigo Eduardo onde está sua namorada. Sente algo estranho. Não sente nenhuma atração por aquela menina que está a seu lado, ela fala feliz ele intrigado pelo que sentira. Aqueles olhos como faróis em sua retina. Naquela noite permaneceu distante. Como se viajasse para outra dimensão. Está confuso.

Passam-se dias. Sempre procurando por cada parte da cidade aquele olhar verde que o intrigou tanto não o achando em lugar algum. Elvira voltou para a cidade mas não sai de casa muitas vezes, prefere sempre ir à cidade vizinha onde vive o que realmente é. Sabe como é cidade pequena: dizem que "faz ponto"  na cidade maior – não se deve dar ouvidos quando o preconceito fala. Mas as línguas são as línguas.

Até que um domingo chegou. Dario faz o seu trabalho. E eis que mais linda do que nunca desponta na ponta da praça a dona dos olhos verdes mais lindos que já viu. Fica eufórico. Há uma alegria inenarrável dentro dele. Começa a sorrir com sinceridade. E a vida observando a tudo. Até que o “acaso” prega uma peça: no caminho do bar Dario esbarra “sem querer” em um corpo delgado e moreno que está à sua frente: quase o corpo cai. Dario sente seu rosto ruborizar Elvira fica a lhe olhar, os olhos se encontram. Não dá para disfarçar o que vem do coração. Dario fica nu e calado por alguns instantes o papel ali desempenhado é de um menino. Menino sem jeito e tímido. Elvira percebe passa a mão em seu rosto como que reconhecendo o menino de outrora. Sorri e o desculpa. Fica no rosto de Dario um leve perfume que tenta inalar com a mais pura emoção. Elvira pergunta a ele se está indo ao bar. Ele diz que sim com a cabeça inebriado com a situação. “Faz-me companhia?” ele se esquece que dentro daquele estabelecimento está sua namorada morna e infantil. Entram juntos sob os olhares de todos. Há um estranhamento por parte da namorada, mas infantil que é, fica calada não entendendo o que se passa. Esta noite foi o máximo. Mais presente do que nunca Dario até ousou não ser tímido. Ria e brincava com qualquer coisa. Elvira também se divertiu, não há como negar, percebeu o que acontecia com o menino à sua frente deixando que acontecesse. Há quanto tempo não se sente cortejada? E que mulher não gosta desta situação? Só as muito medrosas ou insensíveis o que não é o caso. Elvira também sente algo estranho, sem querer deixa-se cortejar e também corteja. Nunca imaginaria o que viria após.

Todos os dias dão uma desculpa para encontrarem-se: um livro, um jornal, um truque para o rádio, um animal, um sorvete até que um dia aconteceu, um beijo! Estavam por demais envolvidos. Pareciam que adivinhavam o pensamento um do outro e neste clima uma noite aconteceu o que todo mundo poderia supor: a primeira noite totalmente nus juntos Dario sem experiência sem saber que não precisava Elvira apaixonada e entregue. As mãos de ambos entrelaçadas os corpos como cobras em uma árvore o estar dentro do outro: O grande abraço as salivas os cheiros os corpos os suores a entrega a busca os sons o prazer: Ficaram abraçados por todo o resto da noite como que orassem para que o sol não despontasse. Naquela noite não dormiram, mas também não se cansaram. Era a primeira experiência intensa de Dario. Era a primeira vez como professora de Elvira. Ambos gostaram. Dario com sua cabeça no colo de Elvira que por troca lhe envolvia em seus braços acariciando seus cabelos e aquele corpo cheirando a perfume de mãe ainda: Elvira assistia o nascer de um homem.

É leitor tudo poderia permanecer bem não acha? Mas como dizia a minha avó: todo paraíso tem a sua cobra. Logo já não dava mais para os dois se manterem em segredo. A cidade começou a ser testemunha daquele amor nascente e o preconceito começou a angariar votos. Ninguém sabia ao certo do que Elvira sobrevivia e o passado da moça dava brechas para imaginações maldosas. Os amigos de Dario começaram a sussurrarem em seus ouvidos dúvidas que o moço no começo não ouvia. Sua ex-namorada morna e infantil também começou a apresentar suas garras, o ser humano quando se vê diante de uma perda reage! Seus pais o aconselharam. O primeiro a ceder foi seu pai. Compreendeu o moço. Mas não o levou muito a sério: pensava ser uma paixão não duradoura.

Dario todos os dias acompanhava Elvira. Elvira a sorrir se deixava acompanhar. Um no outro o outro em um. Mas sempre tem um dia que as bocas maldosas conseguem ser ouvidas. Dario havia deixado Elvira em casa quando um carro luxuoso para em frente da casa da moça, desce de dentro um senhor mais velho esguio e elegante cheio de ouro. Entra dentro da casa da moça e demora um tanto por demais. Os vizinhos têm olhos e esses olhos sempre com indicadores tanto para chamar como para apontar: - “Está vendo Dario onde você foi abarcar? Lá está ela com um não sabemos o que dentro de casa, bastou você dar as costas quer apostar como ela não irá te dizer nada amanhã? Faça o teste...”

Dario deu de ombros, mas por dentro começou a nascer um sentimento que até então não sabia o que era: o ciúme. Naquela noite Dario não conseguia dormir. Ficou imaginando o que aquele homem estava fazendo dentro da casa de Elvira e porque Elvira o recebera tarde da noite? Porque não o deixou ficar para o encontro? Quem seria aquela pessoa? Pensamentos remoeram a alma de nosso personagem a noite inteira. Diferentemente da primeira noite mal dormida junto com Elvira que não lhe cansou esta noite o matou por dentro. Era visível, no outro dia, seu abatimento.

Neste dia quando encontrou Elvira ele estava receoso não a beijou como de costume cumprimentou-a meio seco. Ela não entendeu muito bem, mas deixou para lá. Contou-lhe sobre muitas coisas como sempre fazia todos os dias, ele seco, só não contou sobre o encontro na noite passada: as bocas felinas marcaram um gol. A garganta inexperiente de Dario começou a apertar deu desculpa que tinha que ir embora se levantou e sem o beijo de todos os dias foi-se. Elvira ficou só e sentada sem entender. Naquela mesma noite o mesmo homem veio até a sua casa, Elvira novamente o recebeu. Os vizinhos novamente olharam e disseram: -“olha lá Dario não lhe dissemos?”

Rapaz... Deus me livre e guarde da dor que deu naquele coração: esgotou-se e transbordou-se em tanta mágoa que a gente nem sabe para que é que serve. Vestido e iludido de fantasmas que a poeira da incredulidade lhe trouxe. Foi a primeira vez que ao invés de ir para casa foi para o bar. Bebeu. A tormenta de ilusão ao avesso espremendo o pescoço, apertando o peito. Danada dor: “- Elvira, Elvira por quê?” Repete sem cessar e as vozes maldosas: “nós te dissemos”. Dor danada volteia a goela. Ensaboa a desesperança. Engravida a vingança. Sentimentos que Dario não sabia que existiam. Bêbado resolve ir à casa de Elvira, está disposto a tudo. Bate forte na porta. O carro ainda estacionado em frente. Grita pelo nome dela a todos os pulmões. Mal se agüenta em pé.

Elvira assustada abre a porta. Encontra Dario transtornado e feroz que lhe esbraveja palavras que lhe doem na alma. Não se agüenta em choro e descrença: não é possível que aquele ser em frente a ela é o menino que gosta tanto de acalentar. O homem também sai, não entendendo o que se passa, tenta acalmar Dario que lhe desfere um soco no olho esquerdo fazendo com que caia de costas ao chão Dario lhe dá um pontapé no estômago Elvira pede por socorro tenta acalmar Dario: “o que acontece meu menino? Pare com isto” Dario também lhe bate. O tapa fere mais fundo em sua alma. Pede para que Dario saia de sua casa ninguém lhe socorre, todos a olham e sorriem, todos a ferem com palavras com dedos indicadores em riste. A vergonha lhe invade, sua mãe chora, o homem que se contorce é seu tio patrão lhe sugerindo uma sociedade nesta cidade. Elvira faz shows de mágica em um café teatro na cidade vizinha era para ser uma surpresa para Dario poderiam ficar mais próximos então. Apenas esqueceu: a ingenuidade não dura para sempre.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

- Um escritor francês chamado Sthendal escreveu: “em amor desejar é tudo; possuir é nada”
- Gostei da frase...
- Talvez explique minha memória, esta imagem da qual te falei.
- Ah tá! A moça da internet... ainda?
- Pois é, meu amigo, ainda. Quer outra cerveja?
- Claro...
- É uma coisa que toma o meu corpo entende? E leva minh’alma, minha memória afetiva.
- O que você está precisando é de uma namorada – diz rindo o amigo – ao vivo e a cores, só você mesmo com seu excesso de imaginação para ter essas coisas. Tenho medo por você, diz o amigo rindo
- Não é isto é..., é difícil explicar e fácil ao mesmo tempo.
- Você está apaixonado?
- Não. Acho que não. Mas é parecido. É como se eu pudesse tudo para com ela, mas ao mesmo tempo nada.
- Como assim? Lá vem você com as suas elucubrações.
Riso geral. Chega a outra cerveja. Os dois amigos se confraternizam. Há um breve silêncio cúmplice entre eles.
- Tá certo sem elucubrações: quando se está apaixonado o amante não quer fazer “de um tudo” para alcançar o ser amado às vezes, até esquecendo de si para poder sentir a vida do outro?
- Sim, mas “tête-à-tête” e não por internet... Acabam rindo da rima mal feita – passaríamos fome se tentássemos a poesia, hein?
- Mas voltando ao assunto. É, é engraçado mesmo. Tenho consciência de que talvez, nunca a veja ou talvez, ela nem exista. Vai saber... pode ser um personagem inventado por alguém.
- E daí? Brinca o amigo, - vamos ao psicólogo? Risos.
- O bom que é light. Ou seja, acho que aprendi a dominar minhas emoções... é sério. Talvez ela nem exista. Estou entendendo até os religiosos com isso. Eles adoram uma coisa que não tem certeza que exista. Adoram o vazio. E dizem que este vazio fala com eles. Eu, pelo menos, recebo e-mails... Risos.
- Ah não! Preciso de mais uma cerveja viajou bem que heresia! Falar isto para a minha sogra sou excomungado. Os amigos caem na risada fazendo o sinal da cruz.
- Acho que entrei na modernidade: amor a vídeo-conferência não é bacana? E sem comprometimentos...
- Nada substitui o calor dos corpos...
- Olha, acho que substitui sim. O que não substitui é o vazio dentro de nossos braços. A vontade de abraçar algo. Esta sensação é estranha... É como uma masturbação – corpo e alma,entende?
Nisto passa o garçom, pedem outra cerveja e o cardápio.
- Olha, simplesmente parei de procurar razão onde a razão não prevalece. Adoro a imagem de um pijama preto de alcinhas que ela disse-me estar usando em um de nossos diálogos. Vira-se para o garçom que traz a cerveja – uma porção de carne xadrez, por favor. – Você sabe, mesmo nunca tendo sentido o cheiro da pele desta moça este cheiro parece impregnado em mim... Sinto o roçar de nossas línguas e de minha língua em seus lábios...
- Nossa,isto é paixão!
- Não. Não é não. É puro desejo mesmo. Sinto às vezes o odor entrando pelas minhas narinas. Meu corpo dói de desejo quando penso nela. Minhas mãos ficam cheias com o seu corpo imaginado em mim... É uma loucura? Não sei. Mas está bom demais. Acho que se um dia nos encontrarmos não caberíamos em uma cama ou nasceria uma forte amizade.
- E qual a diferença entre amizade e cama?
- É. Não há muita diferença...
- Mas mudemos de assunto. E a sua mulher quando chega?E ali ficaram cúmplices sem saberem: duas crianças brincando de gente grande e, na memória de um deles, uma alcinha preta caída sobre um ombro imaginário.
Quem nunca acordou, pelo menos uma vez na vida, de manhã com um vazio cerebral? Sem se lembrar de nada da noite anterior: pode ser que tenha vindo para casa de táxi, pode ser que tenha vindo a pé, pode ser que alguém o trouxe para a sua casa, pode ser. O “pode ser” abre brechas inimagináveis: solta um sorriso maroto e recorda-se: "cu de bêbado não tem dono, é para ter?" dá de ombros e sorri amareladamente pelo vazio que sente invadi-lo. Pois é leitor quer atirar a primeira pedra? Então atire!
Tenta sair da cama, cai de lado, a cabeça está por demais pesada para qualquer esforço. Fecha os olhos em uma tentativa - aliás, todas as tentativas são válidas quando se está só e com o corpo e a alma vazios e pesados ao mesmo tempo.
Prefere ficar mais um tempo ali parado: Há um trompete, um bumbo e um reco-reco dentro de sua cabeça. Todos muito desafinados e desconexos entre si, cada qual quer tocar no ritmo que lhes convêm. Fica imóvel olhando para o teto pensando se esta orquestra um dia irá parar. Lembra-se das aulas de yoga e agora? sempre cochila nas aulas. Olha o drama leitor: só vai para olhar os seios da orientadora, pois é...
Fixa o olhar em uma mancha no teto. Consegue sorrir. A mancha parece uma boca a lhe sorrir. Fecha os olhos novamente, a mancha lhe fala: “que porre hein, meu camarada...” assusta-se abre os olhos arregalados, o que lhe dá uma fisgada na região. Estará bêbado ainda? Ou será loucura? A mancha está lá gargalhando para ele: “Você está surpreso? Sou eu mesma quem lhe fala. Que porre hein? Ficou com quantas nesta noite? Eu sempre fico aqui a observar as suas orgias... Pensei que nunca ouviria minhas palavras.” Com um impulso pula da cama. Sente uma tontura enorme. Quase cai. Se segura no armário de roupas. A orquestra entra em frenesi. Esfrega os olhos. Será loucura? O que tomou ontem para ter alucinações ainda hoje?
“Toma uma aspirina meu chapa” - ouve a voz lhe falar - “acho que está dentro da gavetinha do armário do banheiro pode ser que te ajude um pouco ou você quer um café amargo? Neste caso você terá um pouco mais de trabalho, tá vendo o que dá morar só? Se ao menos você tivesse alguém aqui este alguém lhe faria um café...”, coloca as mãos sobre as orelhas - se não estivesse tão tonto até arriscaria a olhar para cima - e a voz continua “ não se preocupe eu realmente não existo sou a sua consciência, se é que algum dia você conseguiu formar uma” - diz em uma forma jocosa – “mas ao que parece sim, aqui estou! sorte ou azar?” diz estas palavras e solta uma gargalhada, gargalhada que lhe lembra de Chuck o boneco assassino.
Resigna-se cai novamente na cama com os olhos para cima olhando para o teto. Ficará um pouco mais a vontade já que sua consciência resolveu lhe visitar justo hoje. Porque os predadores sentem o cheiro de fraqueza no ar? Sabe que não será nada fácil este momento. Mas vamos lá, e, ele nota a boca gesticulando sem parar. Observa-a e ela até se parece com alguém. Existem dias que prefere ficar surdo, sempre consegue esta façanha quando quer, principalmente quando a ex-esposa aparece por ali lhe pedindo dinheiro para a filha que já há dois anos não vê. Mas aquilo está jogando suas palavras profundamente em seus ouvidos. É impossível não ouvi-la. Será mesmo possível ouvir a voz da consciência como o grilo falante do Pinóquio? Nunca acreditou nas histórias que sua tia lia para ele quando ainda era criança, aliás, sua tia era bizarra: sempre com historinhas de moral no final querendo que acreditasse nas teses cristãs. Será que sua tia estava certa? A única coisa que sabe é que ela está morta: "pobre titia nunca conseguiu me fazer crer nestas coisas".
E a boca gesticula. E ele lembra: lembrar-se é uma das formas de fugir de qualquer situação. Como o episódio no trabalho quando o amigo disse-lhe que tinha perdido o emprego... Coitado! mal sabe que fora ele próprio o responsável pelo afastamento do “amigo” mas, quem mandou o cara saber mais, ser mais competente e achar que realmente eram amigos? Coitado do cara, nunca ficará sabendo que lhe roubara tudo o que tinha, inclusive, a namorada que também descartou como um lenço de papel usado. O mundo não é dos mais espertos? De onde as pessoas acham que arruma tanto sucesso e dinheiro para ter tudo o que tem? E a boca gesticulando... Para que ter consciência nesta fase da vida? Adiantaria alguma coisa? Que coisa chata! Vê o rosto de sua tia naquela mancha: dei para ver fantasmas agora? Isto tudo é uma ilusão. Passeia com os olhos pelo quarto inteiro. Acha o controle remoto da TV bem perto de si. Arrisca a apertar o botão e, lá está o Faustão fazendo que todos os seus fantasmas se dissipem na imagem. Eureca! Lá se foi a consciência, está até melhor. Levanta-se. Coloca a orquestra para afinar. Abre a janela com vista para a Cantareira. Entra uma suave brisa de verão. Há canto dos pássaros. Arrisca até a adivinhar o canto de um. Vai até a cozinha. Aperta o botão do fogão, logo aparece a chama. Pega a chaleira. Coloca água para esquentar. Enquanto sente o cheiro inconfundível de café decide pintar o quarto, coisa que hoje mesmo irá verificar com o síndico do prédio. E, na hora exata toma, com todo o prazer e em uma golada, à sua saborosa ex-companheira consciência: “Tim-tim à minha promoção!”
Perco o olhar em meio à paisagem deserta da noite
um ar de medo e de morte - sirenes
A chuva cai. Parece sangue.
A garoa que um dia foi poema
roga aos homens a paciência da paz;
pela inteligência da boemia de São Paulo;
e ao olhar da criança.
Choram mães...

Escrevi isto em um guardanapo na noite do ataque do PCC. Era domingo dia das mães e eu voltava para casa. Fiquei até às 12h30 de segunda-feira vendo toda a madrugada violenta no Habbib´s do Jabaquara. Não tinha ônibus, estavam sendo queimados ou apedrejados no meio do caminho. Foi muito trash...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ontem (30.09.2009) eu estava dentro do CEU Cidade Dutra procurando ajuda para um probleminha tecnológico e enquanto resolvia o meu "probleminha" eu ouvia música muito bem cantada por um coral afinadíssimo. Curiosa que sou, após a resolução do meu problema, fui procurar: onde está esta música? Pois para minha surpresa dentro da biblioteca do CEU estava acontecendo um SARAU!!!!!! onde participavam CRIANÇAS de até 12 ANOS DE IDADE e todas muito interessadas nas poesias declamadas e nas músicas cantadas!!!!! Achei o máximo. Quem disse que a população não quer CULTURA DE QUALIDADE????

sábado, 26 de setembro de 2009

Tomar um cerveja
e deixar "cer" veja
Ser vista!
Ser simplesmente...
Enquanto você nega
a sua boca para mim
A minha vomita palavras
sem nexo
sem sexo
sem eixo...
Menina picassiana
de cabeça enorme
mãos disformes
e corpo retilíneo.
Quero delineá-la
Abraxá-la!
e antropofagicamente:
comê-la !

(Conhecemos Abraxas através de suas mutações, ora deus, ora deusa.A Femininidade masculina e a feminina a buscar o seu complemento Masculino.Em uma visão gnóstica da divindade, isto é, a visão de uma seita cristã do século II D.C., que atribuía a Deus atributos opostos de bem e mal, luz e sombra.)
Não pretendo
Leminsky, Nijinski
Sou e escrevo...

São Leminsky
Protejei-me!


isto eu escrevi em 1999 em um bar na rua da consolação. É um dos sobreviventes deste tempo.
Espécime extinto
eu sou!
Espécime próximo
ao teu edredon:
Frio. Calor. Mormaço
Apenas faço de ti
meu espaço.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

"Belas formas”, enquanto se prepara para se deitar lembra, “deve ter tido uma boa educação”,tira a roupa e senta-se na cama, “mas também metida demais”,leva um susto olhando para a sua meia: ” nossa, onde achei isto? Não me lembro mais, deve ser conseqüência da economia, que vulgar! mas de onde conheço esta fulana? ajeitar estas meias é pior, muito pior do que ajeitar as idéias”. Ri do que pensou, pega o sapato do chão fitando-o e, com o sapato na mão, ergue os braços como que querendo reger as palavras “ mas também qual mulher vai querer uma outra tão relaxada?” se fosse um homem não precisaria ter esta preocupação. “Onde foi parar a minha vaidade?” joga o sapato em algum canto do quarto. Levanta-se coloca as duas mãos nas costas e joga o corpo para trás, ergue os braços e equilibra-se apenas com os dedos do pés numa tentativa de alongamento. Fica na mesma posição uns três minutos olhando para o teto e lembrando da pessoa com quem conversou na noite. “ É, não bebi muito esta noite...mas estou cansada não devo ter causado boa impressão será que anotei um telefone? ” anda até a porta do banheiro, maçaneta na mão a porta range todas as vezes que ela não quer fazer barulho já chamou o marceneiro umas vinte vezes. Sem pensar dá um chute descalça na porta. Sente uma dor tremenda nas pontas dos pés. Um uníssono “CARALHO!!!!” é ouvido pela vizinhança toda. Começa a rir de sua falta de jeito. “Meu Deus quem eu penso que sou? precisava fazer todo este barulho? ah! que esta vizinhança toda se foda também”, espreguiça-se novamente para no vão da porta com olhar pensativo: “Se ela não achasse que o mundo gira em torno dela bem que daria para investir um pouco mais, não é nenê?” sempre se refere a si própria neste termo quando está confusa com alguma coisa. Olhando-se severamente no espelho pensa: “porque? porque as coisas são assim? olha só! “ espanta-se “mais uma ruguinha querendo nascer debaixo de meus olhos...atrevida! não vai me confundir não! Pode sair daí, já!!! “ diz fazendo gestos com as mãos “é... o animal mais feroz da natureza é o tempo. Olha só espelho ” diz fitando-o “ a fragilidade de minha pele sendo produzida por você e por seu amigo tempo, a fragilidade de minha emoção. É... mas é certo, não tenho mais a ansiedade do jovem. Vivo há tanto tempo só acho que vou continuar assim. Tá difícil arrumar alguém para brincar não é nenê?” diz isto enquanto passa o creme de rosto. “Estão ficando todos muito sérios. O politicamente correto está apenas reforçando preconceitos. Pois é....” para um pouco e fica fitando-se no espelho como se tivesse tendo um insight. “Nunca se morreu tanto de preconceito como agora, tirando as guerras oficiais, é claro. O politicamente correto deseducou as pessoas, empurrando-as para os seus guetos imaginários além de privá-las do que realmente sentem, e isto é um perigo! O falso respeito gera uma bomba atômica! Pois é... e, eu que apenas queria viver a minha vida em paz: trabalhar, ganhar a minha grana, beber minha bebida,namorar um pouco, só isto mas, este povo não me deixa em paz. Sempre tem um lembrando-me de minha sexualidade, não dá mais para relaxar. Porra me arrependo de ter assumido minha sexualidade, viu nenê?” fala sem convicção olhando-se no espelho, “devíamos ter mantido em segredo. Não entendo o porquê mas isto ainda incomoda um monte de gente.” Começa a escovar os longos cabelos, percebe mais um fio branco sorri “novamente o tempo...” com muito cuidado, e isto é um ritual de toda noite, prende os cabelos em sua cabeça, grampo por grampo abertos nos lábios, ajudados por seus dentes, num ritual tão feminino que ninguém no bar imaginaria que aquela figura fosse capaz. Depois de terminada a toca procura a redinha para vesti-la e por fim, o lenço de cabelo. Volta ao quarto já vestida para dormir percebe ser cedo, procura um livro para relaxar e acaba escolhendo uma revista, mas não consegue relaxar como queria. Resolve levantar-se e ir até a cozinha: toma um copo de água, procura o leite, acha o achocolatado mas prefere derreter uma barrinha de chocolate no leite coisa que sempre faz. Volta à cama com a caneca com o leite quente, quase tropeça no sapato que agora a pouco desdenhou e jogou em um canto do quarto, arrasta-o com o pé sem paciência para debaixo do guarda-roupa. Está de volta no conforto de sua cama, lençóis macios e perfumados de linho egípcio que custaram uma pequena fortuna mas sempre quis ser Cleópatra e daí? dinheiro não serve para isto? Fica um pouco estática sentindo a maciez que a envolve, esfrega as pernas nos lençóis para senti-los em sua pele. Leva a xícara com o leite até os seus lábios. Sente um arrepio: a bebida tem a cor da pele que conheceu nesta noite. As vezes a imaginação nos leva a lugares que não esperávamos...Fecha os olhos e deixa se envolver por este sentimento, acha divertido. Toca de leve com os lábios a caneca. Sente a quentura em sua pele. Fica surpresa: está excitada, passa a caneca de leve em seu rosto. Consegue se lembrar do perfume que a acalentou durante algum tempo dentro do bar. Imagina o pescoço daquela moça, os cabelos por entre os seus dedos. O semi-beijo que aconteceu. O tom de voz. Fica um tempo completamente parada extasiada com os detalhes de sua lembrança. “É amanhã eu ligo para ela, vou correr o risco". Hora do sono. Hora do sonho. Coloca a caneca no banco que usa como criado-mudo, a revista no chão. Encosta o rosto no travesseiro, sente o aroma de fronhas limpas. Fecha os olhos e se entrega e sem perceber deixa que mais um dia se acabe.

domingo, 26 de julho de 2009

Nas paredes de minha memória
repousam quadros com pose de você
levitando com cores fortes a sábia espera.
Tiro o pó.
Tiro o ranço.
Inauguro um rancho
gancho para outra vida.
Uma vida não vivida.
Uma vida esquecida.
Aquecida pelas cores fortes
nas paredes de minha memória.

sábado, 25 de julho de 2009

Fim de tarde e aquele Sol que quis me aquecer foi-se. Não o quis. Quero a Lua. A Lua em prata ilumina-me e diz: - Minhas chagas são suas chagas. Talvez um dia... Fui conquistada mas seus poemas me aquecem em minhas noites. Quem sabe em uma delas fiquemos juntos: eu prata e você a cor que preferir, vamos rir. Sorrir sem nos ferir e de algum jeito seremos nós em algum instante: sua cor e a minha prata. Ah! mais uma cor que corrigiremos se, com a sua cor e a minha prata, formarmos uma cor metálica. Você me convida e com vida todos vão prosseguir e, simplesmesmente, ir no ir e vir de um sonho que somos nós: alguma cor metálica.
Como um domingo que se vai
essa é sua silhueta para mim.
Mas do domingo a gente espera a segunda
da segunda vem a terça.
da terça a quarta e você nem aí...
Aí chega a quinta.
Na sexta não tenho fôlego
e, espere quer o sábado?
do sábado recomeça a semana.
domingo. segunda. terça e quarta
Na quinta: nada! Na sexta: nem café.
Puxa e o sábado?
o sábado de novo passa.
Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta...
E o mês já se foi que pena
você também...
basta para mim um par de mãos
flores fortes em minha emoção
minha memória solta
espera a lembrança
perpétua em mim:
um par de mãos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Enquanto escrevo mil vozes dizem. E minha timidez ou estupidez na retilínea: Piedade para mim.
Consórcio de dores e cores de vinhas e vidas.
Escrevo bobagens, eu sei.
Enquanto não chega a hora de dizer o que penso a sós.
A nós: tim-tim!!!
por aquilo que nem acredito mais e, enfim veuve clicquot...
Existir pra que será que existimos?
Insistimos!!! e isso é o que importa.
Falso eu. Falso você.
E no percalço escapo!
Tentei nova fôrmula
e nada de minha pele...
E, de pele em pele
surgimos no casaco
da chinchila ou da raposa
que esposas fiéis caíram
no pescoço da madame.
Dá-me o que sobrou de mim!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

FÁBULA MODERNA

- Oh Rapunzel!! jogue suas tranças da cor do mel...
- O quê!? mas...mas...mas...Rapunzel, você cortou os cabelos? que tatuagens são essas!?
- Como? virou punk!?
- O que aqueles sapatinhos estão fazendo ao lado de sua cama?
- Aaaaah...Cinderela!? Você!??
Pernóstica.
Persigo,
Contigo:
- Socorro!!!!
Um sentimento
fugiu do zoológico...
Preciso_____por_______instante
Escrever__________sabiamente
Passagem das horas
imprecisa espionagem
Saber irrecusável
Insofismável
Insolente
Ah! saio da janela
deixo a rua para a menina que passa.
Perco-me em meus ouvidos
neles só o vento e seu nome
Dorme criatura sonhe comigo
Espero-te em meu sonho
Nesta troca arrumo sua cama.
Para onde iremos quando não soubermos mais o caminho do bar?
Quem serei eu quando o beijo chegar?
Humanamente esperar
Humanamente a ventura de chegar
Escárnios... e uma rosa a tocar:
Cor: escarlate
Sorriso: carmim
Olhar: seco
Paraísos prometidos existirão?
Esperanças humanas e sombrias: será?
E de repente
Suicidas renascerão
Prostitutas amarão
Cegos exergarão
Chegarei deste inferno
olharei seus olhos
e na volta desse viajar
apenas direi:
vamos?

SUTILEZA

Dê-me de beber tenho sede
teu orvalho em minha flor
Floresça-me!
Noite escura e em minha sombra mais um não!
De quantos nãos sobrevive um sim?
Para mim isto é coisa de Saturno
Taciturno satélite sobre mim
coisa da aspiral da vida
que diz sim e não, não e sim
e no ziguezaguear desta vida:
(brincadeira de criança - bem-me-quer, não-me-quer)
Eu a sorrir mais uma vez.
Meu sorriso perfeito de boca, olhos e alma aprendo:
Saudade também é alegria - alegoria
de um carnaval imenso dentro de nós:
Não se molha fantasia de papel!

sábado, 11 de julho de 2009

Enquanto o mundo gira
fico estática e pasma:
porque?
A lua brinca com a nuvem
a nuvem segue ao sol
O sol sem nexo se
perde no caminho.
Enquanto a lua gira
A terra se esconde
O eclipse. O estrondo
O encontro:
O mar cabe inteiro
dentro de meu copo.
Meu corpo estático e enfático
às doçuras do luar.
A chuva que persiste e
insiste em me molhar.
Meus cabelos soltos
seguram meu cérebro
E meu cérebro já sem razão
e minha razão pueril
na senilidade do barulho
de vários pensamentos
sussurados em segredo no bar.
Pasme!
Nada faz sentido.
Contido sentimento
porque me torturas?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Há morte?
Sim, há a morte
e ela ronda a cada
centímetro por onde passo.
Sinto-a beijando meu pescoço.
Ela está em meu corpo
e segue meus rastros como purpurina.
Esconde-se no que
ainda pergunto:
Quando tudo irá acabar?

terça-feira, 7 de julho de 2009

E a história se repete.
Na sola do sapato,
nos rastros deixados,
e na solidão do desencontro.
Recordo-me:
guardei em algum lugar
a terra dos sapatos
e é lá que procurarei
limpar a sua memória em mim.
Um dia. Talvez...
um dia...
Com quantas lágrimas
se forma um milagre?
Com quantas lágrimas
se forma o contorno
de um rosto?
Com quantas lágrimas
se forma um sorriso
na pele morena
na memória da gente?
Com quantas lágrimas
se une o seu rosto com o meu?
Milagre?
Em minha vida houve uma curva
Em meu caminho há uma curva:
ninguém me diz para onde vai esta curva
ninguém diz a não ser a seta--->:
- há uma curva!
em meu espaço há uma curva
Em todo Globo há uma curva:
Será nacionalidade?
Será maldade?
Há uma curva.
No conceito escapo e escrevo:
- há uma curva.
Esquina também
Esquiva talvez
mas....há uma curva!!!
Eu te avisei que não seria como tu pensas
Você pensa e eu surpreendo até a mim
Você segue e meu GPS fora do ar.
Eu te avisei que seria assim
Tu fazes e eu arremeto-me
Tu me arremessas
E eu nessa,
Em nada:
cheia de mim.
Seria um conto se eu contasse
o que há de mim para ti
mas o que ocorre é uma poesia
a mais longa e simples
que poderia escrever
Mas como tudo o mais
talvez seja uma crônica.
E se continuares a agir assim
escrevo um ensaio
e saio de fininho....
à francesa mesmo!
Chega de falta de modéstia!
Abaixo o mau-gosto escancarado!
Não quero a hipocrisia comedida!
Onde há poetas meu Deus!?
Este reencontro não estava previsto. Melhor dizer: não esperado. Bar. Bebida. Cadeiras. Besteiras ditas ao vento. Conversas caladas. Conversas barulhentas. Reencontros em tantos desencontros. Onde pôr as mãos depois de tanto tempo, no copo ou no corpo? E o olhar nos olhos ou nos seios? O que dizer depois de tanto tempo sem dizer? E pra que o reencontro? pra que se jogamos tudo na geladeira? e pra que partir se já me parti em vários pedaços no virar da página?
O inesperado. O impensado. O reencontro. O olhar. As mãos. E eu perdida. Você rindo. Eu assustada e você também. A surpresa de te ver e você de me ver. Nas surpresas crescemos. Mas logo esquecemos. E logo rezamos. E logo nos resignamos. E logo nos compreendemos e logo nos esquecemos de nós e logo no vácuo percebemos: continuamos por que a vida é assim: uma criança aprendendo a andar.
Estive perto. Estive perto de onde nem eu sei. Mas sinto que estive perto: perto de onde nunca estive. Mas alguma coisa diz que estive perto: Perto da morte. Perto do longe. Estive. O perto próximo de mim. O perto dentro de mim. O perto e a linha de chegada. A linha. A linha tão próxima e eu perto. Perto de alguma coisa. Que coisa? apenas perto. Estive perto de alguém. E o passado passando dentro de meu presente. E o presente sendo aberto como um "reality show" sem permissão mas, estive perto. Estive perto do meu presente. Estive perto de meu futuro. Estive perto. Estive esperto. Estive perto de alguma coisa que sinto: a brisa! Estive perto, ardentemente perto da escolha. Estive. Estive. Estive muito perto eu sei! Sabendo que estive perto demais me distanciei mas estive. Estive muito perto.
Espera já estás a sair?
Escute o bater das asas das borboletas.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse? Espera!
Já estás de saída?
Não! escuta as mãos se entrelaçando.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse?
Espera! já estás de saída?
Escuta! perceba: um pensamento vôou agora.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse?
Espera. Já estás de saída?
Escuta. Ouça. Olha!
Mais uma energia correndo pelos corpos.
Escuta. Espera. Espera:
te vi e você a chorar: foi!
Morri e existi tantas vezes que esqueci como se faz...
como se faz para viver:
Pego no tranco ou estanco?
Empaco ou escapo?
Escancaro ou escarro?
Mas em todas as possibilidades
expiro e inspiro!
Domingo andando pela Rua Augusta ouvi esta pérola de uma "mulher de vida fácil":

"- e eu que sempre lutei pela liberdade, hoje sou refém dela"

quem melhor do que uma destas mulheres para traduzir tudo o que sentimos?

sábado, 4 de julho de 2009

Observo:
Uma criatura me espia de cima da janela.
Um vulto olha para mim
e lambe tranquilamente sua patinha
esfregando-a atrás das orelhas.
E, neste trabalho, nos intervalos
olha verdemente para mim.
E, eu pensando...
Ele se limpa.
eu me inquieto...
Ele pula.
E sem me consultar ocupa meu colo e me olha bocejando
e, é como falasse:
-Conforto é uma questão de ponto de vista!
Encolhe-se e dorme.
Pergunto o que seria de minha dor sem mim, já que todos perguntam o que seria de mim sem a minha dor. Inútil, sem razão alguma. Quem quer uma dor? pergunto para mim. Coloco nos classificados do Estadão: "VENDE-SE uma dor inexistente mas insistente. Preço: contribuição não para aumentá-la mas para controlá-la".
E, ela me dói a cada desejo de abandoná-la. Mulher fútil ou útil? não sei. Todas às vezes que me dói é uma surpresa: uma mulher de fases. Por favor, não confunda com uma dor de dente ou cabeça: ela me indaga, me invade sempre a perguntar, e vem na hora errada mas no tempo certo. E a gente se convive. Dou álcool à ela e ela preguiçosa dorme, aí eu brinco...às vezes dou Clarice e ela goza obscenamente, aí acendo meu cigarro e a venço ou acho que venço por que me vem com várias perguntas. Acho que minha dor é freudiana, às vezes junguiana e aquelas escolas todas e eu Gestalt "catarclismo"...
Às vezes durmo mas ela insiste e me vem em sonho. É minha sombra ou minha pessoa? Em noites muito agitadas ela consegue me embalar. E, em seus braços durmo e me entrego. Hilariamente ela me anestesia. Para me vingar rio dela, ela me aperta e eu gargalho, louca que sou. Mas, a culpa: a culpa é dela. E ela também se diverte e ri de mim. Percebo que nunca a vencerei e se vencer será que vencerei a mim?
Sem seriedade seguimos rindo de nós, como boas amigas: ela me faz senti-la e eu retribuo sentindo-a.

terça-feira, 30 de junho de 2009

como me acalmar
se nasci com a
maldição de amar?
Fiz-me fraco
para poder
ver-te
para poder
olhar seus olhos
sem me assustar:
Faróis que se fortaleciam em mim
Pérolas castanhas que sumiram
de minhas mãos

PÁ: LAVRE!

Texto publicado em 2003 no fanzine PnoB. Mas é engraçado (?) no Brasil as tragédias repetem-se. São outras as regiões mas o descaso político é o mesmo. Achei melhor postá-lo agora.


Por que escrever, ou melhor, para que escrever e, para que serve escrever? Qual a serventia das PALAVRAS? Vivemos na era da comunicação. E como já dizia o palhaço Chacrinha: " Alô, alô Terezinha, quem não se comunica se trumbica".

Nessa nova Era vem-me à cabeça o mundo como sendo o pregão da bolsa de valores, sendo que os corretores somos nós: falando mais alto, batendo o martelo, articulando palavras e, assim, fazemos e fechamos os nossos negócios e nem sempre o vencedor o é de direito. E neste comércio esquecemos que a palavra é antes de tudo uma arte. E muito antes, AÇÃO: não pode haver palavra sem ação: "e no princípio era o verbo" ou seja, a vontade do criador em criar. Sendo assim, a palavra faz parte das BELAS ARTES, ao menos, fazia.

Quero chamar a atenção para um segmento desta arte: a RETÓRICA. Com o poder da retórica, ou seja, com a palavra bem articulada, bem definida, bem usada, consigo o que quero em muito menos tempo e não importa se meu produto é o melhor ou não: como articulei melhor o meu discurso: vendi. E como diz o poeta: "não importando se quem pagou quis ouvir".

E, é aí onde mora o problema. Não é só o poeta, no afã de mostrar seu trabalho, que não se importa se quem pagou quis ouvir. Existe o outro lado, pessoas sem ética alguma empurrando por nossas goelas abaixo situações inimagináveis dignas de histórias de ficção mal-escritas. E o mais inaceitável é que esse tipo de gente tem o poder de decidir sobre vidas humanas. Usam e abusam das palavras para enganar, extorquir, roubar senão valores materiais, as próprias vidas de gente humilde. Falo dos políticos, empresários e de pessoas que com um pouco de boa vontade, poderiam amenizar boa parte de alguns problemas de nossa população.

Vejo novamente meu povo morrendo por descaso dessas pessoas que apenas usam da retórica para "verborregar" suas vaidades e aumentar seus lucros fáceis. Novamente injustiças pairam pelo ar com a desculpa de TRAGÉDIA: O que aconteceu em Minas - e o duro é saber que isto acontece em TODAS as regiões do país - com suas águas, em seu sentido inverso - água quer dizer limpeza e não tristeza e muito, muito necessária - mata de novo o novo (vários felipes).

Será que as águas matariam se as pessoas com retórica tirassem as suas palavras do papel e ao invés de jogá-las ao vento e ao próprio ego, agissem? Como já disse, para mim palavra quer dizer ação, e, sinceramente, estou farta de fazedores de palavras vazias e brochas. E vendo o que se transformou o meu País de urubus causa-me asco. Minha grande náusea. Mas há esperança...

Espero que a serventia das palavras e da escrita seja a de dar voz a esse meu povo que, mesmo com tamanho sofrimento, consegue, apesar de seus políticos e empresários, fazer da vida a poesia maior: acreditar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Abro os olhos ___________ devagar
Algo errado!
Minhas mãos desconfortáveis;
trago-as a espreita de meus olhos:
meladas
vermelhas
SUSTO!!!!!
-AAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!
-O que fiz? degolei a esperança!!!!!!!!
Os poetas são um
as pessoas são unas
os acontecimentos milhões
os desejos, enfim...
As doses enormes
os vícios distribuídos
as escolhas unas:
os furtos
os sustos

as escolhas vazias
os infinitos do sonho
as escorregadas
as partidas
as palavras sem nexo
o poeta sem sexo
as pessoas convexas:
a liturgia
as orgias
as escolhas
as bolhas

as descomunhões:
as palavras sem eixo
o vazio
o regato
o legado
o recado.

a falta de imaginação:
há falta
há falta
há...
a letra
a escuta
o aconchego
as mãos
os estanhos
os estranhos
os tamanhos

há...
ah! ah! ah!
enfim:
o surto!

os sustos
os pés
o caminhar - adivinhar
a escuta

o biruta: direção
a biruta: surto
conquistas
enfadonhas memórias
bizarras relações:
a pauta
a flauta
a música!
o som.

As imagens
os ritos de passagem
a miragem
a virgem:
vertigem
a ideia?
Paideia!
Estou com saudade de mim
escrachada
risada
livre

estou com saudade de mim
apaixonada
abandonada
voraz !

estou com saudade de mim
assim como nada
um copo vazio
uma voz sem endereço
os passos trocados
sem rumos

estou com saudade de mim
estou assim
chinfrim!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pelo que menos. Pelo que mais.
A liberdade talvez seja realmente a liquidez de um banco.
Ou ela será aquilo que determino?
E o que determino não está na liquidez de meu ser nem de ninguém
Todo discurso inútil.
Todo discurso inevitável:
fútil!
Além de rima é uma coisa para se pensar.
Azar o meu: Escuto
e passo!
Toda nostalgia que sinto
Esta dor que cibalena não cura
que cerveja também não
que toda brincadeira não engana
e que todo tiro não mata
Esta nostalgia que não quer novalgina
que não quer cerveja e despreza música
que se desespera na espera e que sabe que a espera não adianta:
a novalgina, o lexotan e a cibalena também não
Adiantada me dói a ausência tua
Suada e sem mais o porque enxugo a face
beijo o que penso ser a tua testa e durmo.
Vazio total...
perfeitamente explícito!
perfeitamente perfeito.
Totalmente oco.
Total vazio.
Total vazio.
e, em meu peito
apenas o sutiã.
Solidão pra quê?
se todos somos a mesma coisa...
Serafins?
afins de nada mais
nada menos: ser tatuagens?
Bobagens...é tudo pele!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Matei o Minotauro!

Para um tanto de acordes e acordeons acordo cedo e danço uma valsa tocada sem ritmo mas que tem um sentido. Porque você foi embora sem nenhuma razão? Conheci seus sons. E no ritmo que danço alguma coisa ficou para trás...e zás-trás quebrou!
Acordo. Espreguiço-me. Encolho-me e salto! Ando ao banheiro. Lavo meu rosto e olho o espelho que persiste em me olhar fixamente. Recolhendo, talvez aquela história que eu queria contracenar, que está encolhida dentro de minh'alma: lida e deglutida. Abro os olhos, passo a mão pelos cabelos numa tentativa de tirar todo pensamento que me vem de ti. Não quero me lembrar, não quero pensar, não quero mais você. Porque penso? porque me ardo? Conselhos de amigos é esquecer. Conselhos! Ah! conselhos...para que servem mesmo?
E a valsa tocada em meus ouvidos.
Escuto como se o piano desafinado afinasse dentro de mim o que sou e o que perdi.
Poderia colocar, se existisse, uma fita isolante em meus neurônios para isolar você de mim.
Ah, meu Deus! porque não existe?
É, o ser humano é tão incompleto. E eu o sou!
Coloco pasta na escova. E o espelho a me fitar. Conheço estes olhos. Olham e não explicam. Começo a escovar os dentes do lado esquerdo: para cima, para baixo. Reto. E estes gestos me cansam. Para variar vou pro lado direito: em cima, em baixo, para cima, para baixo, pra frente, atrás. A espuma me fere. Lembro-me ser fera.
Cuspo. Mas sua boca permanece, e seu seio em minha língua. Porca miséria!!!
Tiro o meu pijama. Ergo a blusa e ela sai-me sem nenhum sentir: braços estendidos e a mão direita puxa-a para fora de meu corpo: e porque você também não? Gestos. Tudo gesto. Gestual. Rituais. Germinais. Porque você?
Levanto os olhos e me olho nua no espelho. Encaro. Escarro. Já não há sinais da vitalidade de anos atrás. Já não há. Esqueço por momentos que já fui um bebê. Adorada por todos: - engraçadinha: gut, gut da mamãe!!
Como? se acabei de ser jogada fora?
Você de novo?
Ando pela casa: cômodos que viraram labirinto de tão sem graça que estou. Sem perceber preparo o café da manhã para duas pessoas: puro hábito.
Abro o jornal e sem esperar estou lendo em voz alta. Só a cópia da Monalisa me ouve e me responde ferozmente com um sorriso e um olhar.
E a vida segue. Dias e noites passam. Envelheço. Corro e não acho você?
E onde está a mim? Coloco-me à minha disposição. Confusão. Em uma coisa que nem sei mais o que é: Perdi? Ganhei? Corro ao banheiro: náusea.
Conheço este sentimento: náusea. Vontade de colocar a alma no vaso. Dar descarga. Vomitar. Embolar o que existe e o que há por vir. E o que virá?
Ligo o chuveiro. Desfaço a cama. Calmamente entro debaixo d'água. A água cai quase imperceptível em minhas costas. É claro que não é você que me deixou assim. Porém digo que sim. Preciso de um motivo e o motivo para mim é você. Coisas do inconsciente ciente.
E a cada gota em minhas costas uma pergunta e para cada pergunta nenhuma resposta. Todas no ralo a fugirem de mim. E neste estado esqueço-me de tudo que não interessa. E nesta conversa assumo o prumo de mim. Eternamente em mim. Especialmente em mim. E, enfim, percebo: em sua ausência: nasci! Reaprendi. No labirinto escuro, conheci. Esquecer para quê? Aprendi. Claro: Matei o Minotauro!

ao gourmet

Anos sem ver
saudade enrustida
em esquecimento
Fazer o quê?
tantas são as pessoas...

BALCÃO DE BAR

Em um balcão de bar vários tipos de conversas preenchem o vazio do copo, ou seria alma?
Talvez a igualdade tão almejada se dê, justamente, nestes lugares. É aí que se discute sobre tudo desde as células-tronco até as tão famosas dores-de-cotovelo. Todos os homens comuns ali de transformam em filósofos, humoristas ou políticos: já presenciei Reformas Políticas e Literárias em seus vários balcões, principalmente o de "copo sujo" (depois do terceiro ou quarto copo todos somos Maurrat ou Lorde Byron!) e, é esta a magia do balcão que mais vale a pena. Mas é preciso ter ouvidos e senso de humor aguçados para saber ouvir e também, "cair fora" antes que algumas desavenças aconteçam (sempre há o "baixo astral")
Mas o bar é, antes de tudo, um templo, e para alguns, um lar onde se pode praticar o sacerdócio da amizade. Deus salve todos os garçons e garçonetes de todos eles: Verdadeiros psicólogos!
Tim-tim!!!
Sinto a sua presença
como uma espécie de som

Entrando em meus ouvidos

Música talvez...
Sua presença entra em mim

Esconde-se e escorre por meus olhos

E escapam em forma de luz:
e meus olhos brilham:

Sua presença é sol e é lua

Para Floripa

Nasci no dia 31 de agosto de 1962 em Nova Esperança estado do Paraná. Inocentemente nasci. Sem saber do perigo que rondava nossas cabeças. Simplesmente nasci. Cresci ouvindo inflamados discursos anti-comunistas,anti-revolução cultural, anti-revolução sexual, anti-vida, anti-estético...
Alheia a tudo cresci. Normal: Roubava frutas do vizinho. Andava com a bicicleta sem freios. Fui feliz na mais inocente significação da palavra feliz. Trago em mim sinais deste tempo: lindas cicatrizes distribuídas elegantemente pelo meu corpo.Com idade escolar matricularam-me em um colégio de freiras. Surgia em mim a primeira onde de "reforma universal": queria ser missionária de Deus levando as palavras do "senhor" a todos os povos que viviam perfeitamente harmoniosos sem elas. Sou grata ao meu irmão. Com ele li: "Deus não quer ovelhas, quer pastores que o ajudem a completar sua criação" claro, Nietzsche! Se é para salvar alguém tiremos este alguém do conformismo e ignorância.Estava aí meu primeiro choque com a palavra.
Logo após este incidente, tomei contato com outros dois "bruxos" Carlos Drummond e Machado de Assis. Um dizia-me: "ao vencedor as batatas"; o outro um anjo lhe falou: "Vai, Carlos, ser "gauche" na vida..." Não foi ele? fui eu!
Com 17 anos fui ser "gauche" na cidade grande. São Paulo emocionava-me em cada beco em cada esquina. "Alguma coisa acontece em meu coração...", é uma tonelada de emoções. A grande cidade é uma feiticeira que nos rouba o coração e nossas passadas. É impossível ficar-lhe indiferente.
Voltei. Retornei ao interior depois de uma crise nostálgica: "Maninha me mande um gosto de laranja da terra..." Rosinha de Valença. Como nostalgia passa rápido senti grande frustração ao acordar e ver-me no interior. Como resolver este novo incidente? Prestei vestibular. Foram passando pela minha cabeça nomes até então desconhecidos: Le Golf, Marx, Comte, estruturalismo, positivismo...Um monte de "ismos" e "istas" invadiram meu ser. A cobrança ideológica. Como? se há milhões de formas, milhões de coisas para serem descobertas? A perseguição ideológica. Conclusão: crise! Cazuza: " ideologia quero uma para viver" Todas com cheiro e sabor de ranço.
Por que não o novo? as descobertas, as formas, a juventude? Pé na estrada. E cá estou eu em outra cidade grande. Tão grande que cabe em minha imaginação. Tão imensa que cabe em minha cama com meu amor.
E as palavras? onde estão as palavras? enxugam-se depois de mais um banho de mar...
"Não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar..." Cecília Meirelles

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eu que pensei ser uma paixão fulminante...
Era começo de enfarte!
Fumar a palavra.
Comer a palavra.
Namorar as palavras
fazer sexo com elas.
Observar a falta delas.
Olhar e reconhecer cada
centímetro da palavra.
Brincar. Brindar!!
Tentar te conquistar
com as palavras
e esquecê-las enfim.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O diálogo anônimo: o diálogo-monólogo é ótimo para falar consigo mesmo. As coisas às vezes são assim: você contigo mesmo. Quantas coisas a comentar sem nunca relar nelas. As coisas por fazer sem nunca ter a responsabilidade por elas. As coisas. Os pensamentos. A curiosidade. A saudade. A saudade dos dias em que as palavras saíam ao vento hoje são escritas!
E o pensamento gira. Gira. Gira. Gira. Gira sem parar em diálogos-monólogos em si: uma discussão em mim e para mim. Chegar à conclusão: (?)!

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil
A cada dia se reforça o discurso e a necessidade da Reciclagem de Materiais, eu respeito. Mas o que mais me atrai é poder dar forma e vida a objetos que estariam fadados às cinzas e a destruição: Reutilizar, Refazer. Respeito ao ambiente, às gerações futuras e aos próprios objetos. Somos uma totalidade. Não há como separar, o conhecimento popular, a arte a cultura, a história. O que nos une é a busca.