domingo, 26 de julho de 2009

Nas paredes de minha memória
repousam quadros com pose de você
levitando com cores fortes a sábia espera.
Tiro o pó.
Tiro o ranço.
Inauguro um rancho
gancho para outra vida.
Uma vida não vivida.
Uma vida esquecida.
Aquecida pelas cores fortes
nas paredes de minha memória.

sábado, 25 de julho de 2009

Fim de tarde e aquele Sol que quis me aquecer foi-se. Não o quis. Quero a Lua. A Lua em prata ilumina-me e diz: - Minhas chagas são suas chagas. Talvez um dia... Fui conquistada mas seus poemas me aquecem em minhas noites. Quem sabe em uma delas fiquemos juntos: eu prata e você a cor que preferir, vamos rir. Sorrir sem nos ferir e de algum jeito seremos nós em algum instante: sua cor e a minha prata. Ah! mais uma cor que corrigiremos se, com a sua cor e a minha prata, formarmos uma cor metálica. Você me convida e com vida todos vão prosseguir e, simplesmesmente, ir no ir e vir de um sonho que somos nós: alguma cor metálica.
Como um domingo que se vai
essa é sua silhueta para mim.
Mas do domingo a gente espera a segunda
da segunda vem a terça.
da terça a quarta e você nem aí...
Aí chega a quinta.
Na sexta não tenho fôlego
e, espere quer o sábado?
do sábado recomeça a semana.
domingo. segunda. terça e quarta
Na quinta: nada! Na sexta: nem café.
Puxa e o sábado?
o sábado de novo passa.
Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta...
E o mês já se foi que pena
você também...
basta para mim um par de mãos
flores fortes em minha emoção
minha memória solta
espera a lembrança
perpétua em mim:
um par de mãos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Enquanto escrevo mil vozes dizem. E minha timidez ou estupidez na retilínea: Piedade para mim.
Consórcio de dores e cores de vinhas e vidas.
Escrevo bobagens, eu sei.
Enquanto não chega a hora de dizer o que penso a sós.
A nós: tim-tim!!!
por aquilo que nem acredito mais e, enfim veuve clicquot...
Existir pra que será que existimos?
Insistimos!!! e isso é o que importa.
Falso eu. Falso você.
E no percalço escapo!
Tentei nova fôrmula
e nada de minha pele...
E, de pele em pele
surgimos no casaco
da chinchila ou da raposa
que esposas fiéis caíram
no pescoço da madame.
Dá-me o que sobrou de mim!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

FÁBULA MODERNA

- Oh Rapunzel!! jogue suas tranças da cor do mel...
- O quê!? mas...mas...mas...Rapunzel, você cortou os cabelos? que tatuagens são essas!?
- Como? virou punk!?
- O que aqueles sapatinhos estão fazendo ao lado de sua cama?
- Aaaaah...Cinderela!? Você!??
Pernóstica.
Persigo,
Contigo:
- Socorro!!!!
Um sentimento
fugiu do zoológico...
Preciso_____por_______instante
Escrever__________sabiamente
Passagem das horas
imprecisa espionagem
Saber irrecusável
Insofismável
Insolente
Ah! saio da janela
deixo a rua para a menina que passa.
Perco-me em meus ouvidos
neles só o vento e seu nome
Dorme criatura sonhe comigo
Espero-te em meu sonho
Nesta troca arrumo sua cama.
Para onde iremos quando não soubermos mais o caminho do bar?
Quem serei eu quando o beijo chegar?
Humanamente esperar
Humanamente a ventura de chegar
Escárnios... e uma rosa a tocar:
Cor: escarlate
Sorriso: carmim
Olhar: seco
Paraísos prometidos existirão?
Esperanças humanas e sombrias: será?
E de repente
Suicidas renascerão
Prostitutas amarão
Cegos exergarão
Chegarei deste inferno
olharei seus olhos
e na volta desse viajar
apenas direi:
vamos?

SUTILEZA

Dê-me de beber tenho sede
teu orvalho em minha flor
Floresça-me!
Noite escura e em minha sombra mais um não!
De quantos nãos sobrevive um sim?
Para mim isto é coisa de Saturno
Taciturno satélite sobre mim
coisa da aspiral da vida
que diz sim e não, não e sim
e no ziguezaguear desta vida:
(brincadeira de criança - bem-me-quer, não-me-quer)
Eu a sorrir mais uma vez.
Meu sorriso perfeito de boca, olhos e alma aprendo:
Saudade também é alegria - alegoria
de um carnaval imenso dentro de nós:
Não se molha fantasia de papel!

sábado, 11 de julho de 2009

Enquanto o mundo gira
fico estática e pasma:
porque?
A lua brinca com a nuvem
a nuvem segue ao sol
O sol sem nexo se
perde no caminho.
Enquanto a lua gira
A terra se esconde
O eclipse. O estrondo
O encontro:
O mar cabe inteiro
dentro de meu copo.
Meu corpo estático e enfático
às doçuras do luar.
A chuva que persiste e
insiste em me molhar.
Meus cabelos soltos
seguram meu cérebro
E meu cérebro já sem razão
e minha razão pueril
na senilidade do barulho
de vários pensamentos
sussurados em segredo no bar.
Pasme!
Nada faz sentido.
Contido sentimento
porque me torturas?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Há morte?
Sim, há a morte
e ela ronda a cada
centímetro por onde passo.
Sinto-a beijando meu pescoço.
Ela está em meu corpo
e segue meus rastros como purpurina.
Esconde-se no que
ainda pergunto:
Quando tudo irá acabar?

terça-feira, 7 de julho de 2009

E a história se repete.
Na sola do sapato,
nos rastros deixados,
e na solidão do desencontro.
Recordo-me:
guardei em algum lugar
a terra dos sapatos
e é lá que procurarei
limpar a sua memória em mim.
Um dia. Talvez...
um dia...
Com quantas lágrimas
se forma um milagre?
Com quantas lágrimas
se forma o contorno
de um rosto?
Com quantas lágrimas
se forma um sorriso
na pele morena
na memória da gente?
Com quantas lágrimas
se une o seu rosto com o meu?
Milagre?
Em minha vida houve uma curva
Em meu caminho há uma curva:
ninguém me diz para onde vai esta curva
ninguém diz a não ser a seta--->:
- há uma curva!
em meu espaço há uma curva
Em todo Globo há uma curva:
Será nacionalidade?
Será maldade?
Há uma curva.
No conceito escapo e escrevo:
- há uma curva.
Esquina também
Esquiva talvez
mas....há uma curva!!!
Eu te avisei que não seria como tu pensas
Você pensa e eu surpreendo até a mim
Você segue e meu GPS fora do ar.
Eu te avisei que seria assim
Tu fazes e eu arremeto-me
Tu me arremessas
E eu nessa,
Em nada:
cheia de mim.
Seria um conto se eu contasse
o que há de mim para ti
mas o que ocorre é uma poesia
a mais longa e simples
que poderia escrever
Mas como tudo o mais
talvez seja uma crônica.
E se continuares a agir assim
escrevo um ensaio
e saio de fininho....
à francesa mesmo!
Chega de falta de modéstia!
Abaixo o mau-gosto escancarado!
Não quero a hipocrisia comedida!
Onde há poetas meu Deus!?
Este reencontro não estava previsto. Melhor dizer: não esperado. Bar. Bebida. Cadeiras. Besteiras ditas ao vento. Conversas caladas. Conversas barulhentas. Reencontros em tantos desencontros. Onde pôr as mãos depois de tanto tempo, no copo ou no corpo? E o olhar nos olhos ou nos seios? O que dizer depois de tanto tempo sem dizer? E pra que o reencontro? pra que se jogamos tudo na geladeira? e pra que partir se já me parti em vários pedaços no virar da página?
O inesperado. O impensado. O reencontro. O olhar. As mãos. E eu perdida. Você rindo. Eu assustada e você também. A surpresa de te ver e você de me ver. Nas surpresas crescemos. Mas logo esquecemos. E logo rezamos. E logo nos resignamos. E logo nos compreendemos e logo nos esquecemos de nós e logo no vácuo percebemos: continuamos por que a vida é assim: uma criança aprendendo a andar.
Estive perto. Estive perto de onde nem eu sei. Mas sinto que estive perto: perto de onde nunca estive. Mas alguma coisa diz que estive perto: Perto da morte. Perto do longe. Estive. O perto próximo de mim. O perto dentro de mim. O perto e a linha de chegada. A linha. A linha tão próxima e eu perto. Perto de alguma coisa. Que coisa? apenas perto. Estive perto de alguém. E o passado passando dentro de meu presente. E o presente sendo aberto como um "reality show" sem permissão mas, estive perto. Estive perto do meu presente. Estive perto de meu futuro. Estive perto. Estive esperto. Estive perto de alguma coisa que sinto: a brisa! Estive perto, ardentemente perto da escolha. Estive. Estive. Estive muito perto eu sei! Sabendo que estive perto demais me distanciei mas estive. Estive muito perto.
Espera já estás a sair?
Escute o bater das asas das borboletas.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse? Espera!
Já estás de saída?
Não! escuta as mãos se entrelaçando.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse?
Espera! já estás de saída?
Escuta! perceba: um pensamento vôou agora.
Escuta. Espera de onde te vi e te conheço?
Que papo é esse?
Espera. Já estás de saída?
Escuta. Ouça. Olha!
Mais uma energia correndo pelos corpos.
Escuta. Espera. Espera:
te vi e você a chorar: foi!
Morri e existi tantas vezes que esqueci como se faz...
como se faz para viver:
Pego no tranco ou estanco?
Empaco ou escapo?
Escancaro ou escarro?
Mas em todas as possibilidades
expiro e inspiro!
Domingo andando pela Rua Augusta ouvi esta pérola de uma "mulher de vida fácil":

"- e eu que sempre lutei pela liberdade, hoje sou refém dela"

quem melhor do que uma destas mulheres para traduzir tudo o que sentimos?

sábado, 4 de julho de 2009

Observo:
Uma criatura me espia de cima da janela.
Um vulto olha para mim
e lambe tranquilamente sua patinha
esfregando-a atrás das orelhas.
E, neste trabalho, nos intervalos
olha verdemente para mim.
E, eu pensando...
Ele se limpa.
eu me inquieto...
Ele pula.
E sem me consultar ocupa meu colo e me olha bocejando
e, é como falasse:
-Conforto é uma questão de ponto de vista!
Encolhe-se e dorme.
Pergunto o que seria de minha dor sem mim, já que todos perguntam o que seria de mim sem a minha dor. Inútil, sem razão alguma. Quem quer uma dor? pergunto para mim. Coloco nos classificados do Estadão: "VENDE-SE uma dor inexistente mas insistente. Preço: contribuição não para aumentá-la mas para controlá-la".
E, ela me dói a cada desejo de abandoná-la. Mulher fútil ou útil? não sei. Todas às vezes que me dói é uma surpresa: uma mulher de fases. Por favor, não confunda com uma dor de dente ou cabeça: ela me indaga, me invade sempre a perguntar, e vem na hora errada mas no tempo certo. E a gente se convive. Dou álcool à ela e ela preguiçosa dorme, aí eu brinco...às vezes dou Clarice e ela goza obscenamente, aí acendo meu cigarro e a venço ou acho que venço por que me vem com várias perguntas. Acho que minha dor é freudiana, às vezes junguiana e aquelas escolas todas e eu Gestalt "catarclismo"...
Às vezes durmo mas ela insiste e me vem em sonho. É minha sombra ou minha pessoa? Em noites muito agitadas ela consegue me embalar. E, em seus braços durmo e me entrego. Hilariamente ela me anestesia. Para me vingar rio dela, ela me aperta e eu gargalho, louca que sou. Mas, a culpa: a culpa é dela. E ela também se diverte e ri de mim. Percebo que nunca a vencerei e se vencer será que vencerei a mim?
Sem seriedade seguimos rindo de nós, como boas amigas: ela me faz senti-la e eu retribuo sentindo-a.

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São Paulo, São Paulo, Brazil
A cada dia se reforça o discurso e a necessidade da Reciclagem de Materiais, eu respeito. Mas o que mais me atrai é poder dar forma e vida a objetos que estariam fadados às cinzas e a destruição: Reutilizar, Refazer. Respeito ao ambiente, às gerações futuras e aos próprios objetos. Somos uma totalidade. Não há como separar, o conhecimento popular, a arte a cultura, a história. O que nos une é a busca.