- Um escritor francês chamado Sthendal escreveu: “em amor desejar é tudo; possuir é nada”
- Gostei da frase...
- Talvez explique minha memória, esta imagem da qual te falei.
- Ah tá! A moça da internet... ainda?
- Pois é, meu amigo, ainda. Quer outra cerveja?
- Claro...
- É uma coisa que toma o meu corpo entende? E leva minh’alma, minha memória afetiva.
- O que você está precisando é de uma namorada – diz rindo o amigo – ao vivo e a cores, só você mesmo com seu excesso de imaginação para ter essas coisas. Tenho medo por você, diz o amigo rindo
- Não é isto é..., é difícil explicar e fácil ao mesmo tempo.
- Você está apaixonado?
- Não. Acho que não. Mas é parecido. É como se eu pudesse tudo para com ela, mas ao mesmo tempo nada.
- Como assim? Lá vem você com as suas elucubrações.
Riso geral. Chega a outra cerveja. Os dois amigos se confraternizam. Há um breve silêncio cúmplice entre eles.
- Tá certo sem elucubrações: quando se está apaixonado o amante não quer fazer “de um tudo” para alcançar o ser amado às vezes, até esquecendo de si para poder sentir a vida do outro?
- Sim, mas “tête-à-tête” e não por internet... Acabam rindo da rima mal feita – passaríamos fome se tentássemos a poesia, hein?
- Mas voltando ao assunto. É, é engraçado mesmo. Tenho consciência de que talvez, nunca a veja ou talvez, ela nem exista. Vai saber... pode ser um personagem inventado por alguém.
- E daí? Brinca o amigo, - vamos ao psicólogo? Risos.
- O bom que é light. Ou seja, acho que aprendi a dominar minhas emoções... é sério. Talvez ela nem exista. Estou entendendo até os religiosos com isso. Eles adoram uma coisa que não tem certeza que exista. Adoram o vazio. E dizem que este vazio fala com eles. Eu, pelo menos, recebo e-mails... Risos.
- Ah não! Preciso de mais uma cerveja viajou bem que heresia! Falar isto para a minha sogra sou excomungado. Os amigos caem na risada fazendo o sinal da cruz.
- Acho que entrei na modernidade: amor a vídeo-conferência não é bacana? E sem comprometimentos...
- Nada substitui o calor dos corpos...
- Olha, acho que substitui sim. O que não substitui é o vazio dentro de nossos braços. A vontade de abraçar algo. Esta sensação é estranha... É como uma masturbação – corpo e alma,entende?
Nisto passa o garçom, pedem outra cerveja e o cardápio.
- Olha, simplesmente parei de procurar razão onde a razão não prevalece. Adoro a imagem de um pijama preto de alcinhas que ela disse-me estar usando em um de nossos diálogos. Vira-se para o garçom que traz a cerveja – uma porção de carne xadrez, por favor. – Você sabe, mesmo nunca tendo sentido o cheiro da pele desta moça este cheiro parece impregnado em mim... Sinto o roçar de nossas línguas e de minha língua em seus lábios...
- Nossa,isto é paixão!
- Não. Não é não. É puro desejo mesmo. Sinto às vezes o odor entrando pelas minhas narinas. Meu corpo dói de desejo quando penso nela. Minhas mãos ficam cheias com o seu corpo imaginado em mim... É uma loucura? Não sei. Mas está bom demais. Acho que se um dia nos encontrarmos não caberíamos em uma cama ou nasceria uma forte amizade.
- E qual a diferença entre amizade e cama?
- É. Não há muita diferença...
- Mas mudemos de assunto. E a sua mulher quando chega?E ali ficaram cúmplices sem saberem: duas crianças brincando de gente grande e, na memória de um deles, uma alcinha preta caída sobre um ombro imaginário.
Este será um espaço onde exporei meus trabalhos tanto de escritos (apesar de não me considerar "escritora") e meus objetos feitos com reciclagem de materiais.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
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Quem sou eu
- silponzil
- São Paulo, São Paulo, Brazil
- A cada dia se reforça o discurso e a necessidade da Reciclagem de Materiais, eu respeito. Mas o que mais me atrai é poder dar forma e vida a objetos que estariam fadados às cinzas e a destruição: Reutilizar, Refazer. Respeito ao ambiente, às gerações futuras e aos próprios objetos. Somos uma totalidade. Não há como separar, o conhecimento popular, a arte a cultura, a história. O que nos une é a busca.
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